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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

1º Dia - Sábado, 13 de Outubro de 2012.


São 3:20 da madrugada, o celular e o relógio me despertaram e agora estou tomando um ótimo banho gelado, acreditem, o calor em Boa Vista é tanto que dormi com ar condicionado á 17 graus e agora estou tomando essa ducha gelada pra acordar para a minha missão, que é a realização ode um sonho, mas confesso que estou com medo.

Em 3 anos de casado, é a primeira vez que viajo sozinho, isso é bom e ruim ao mesmo tempo, mas tinha que ser assim, a Carla não aguentaria a trilha. Até então nem sei se eu mesmo vou aguentar, todas as dúvidas do mundo estão na minha cabeça e espero que essa ducha gelada as afaste, pois me preparei, não sei se o bastante, mas pelo menos pra sofrer menos, tenho roupas e equipamentos adequados, mas estou literalmente com o Cú na mão e com medo de decepcionar aqueles que acreditaram em mim, como a galera das lojas onde comprei meus equipos que sempre foram atenciosos comigo, como Mundo Terra Pinheiros e Arco e Flecha, Além da galera da Bio Ritmo, que por dois longos meses de malhação ouviram minhas histórias, sem falar na minha esposa, família e amigos que sempre estiverem ao meu lado nas minhas loucuras.

 

Pra ser sincero nem eu mesmo sei o que estou fazendo aqui, mas pra isso tenho a resposta na ponta da língua: estou realizando um sonho de 5 anos, não importa o quanto doa nem o quanto tenha que andar e passar perrengues.

Da primeira vez que vi o Monte foi Amor à primeira vista (desculpe Cau..rs) e desde então o universo veio conspirando a meu favor para que tudo desse certo. De agora em diante começo a desfrutar da companhia de uma velha amiga e amante: A SOLIDÃO. Na cabeça uma única certeza: tudo que acontecer nessa expedição será um grande aprendizado e será muito especial. Já deixo a primeira grande lição: Sonha é grátis e SIM !!! É possível realizar seus sonhos, pra isso basta uma mente forte que empurre seu corpo quando este quiser parar e força de vontade é tudo nessa vida.
Espero que vocês gostem dessa aventura, se divirtam comigo, e chorem também comigo, pois será emocionante, a começar pelo fato de não ter a mão da minha amada Carla segurando a minha no avião. Acho que o avião é uma máquina espetacular, mas ainda tenho medo de voar.

Saio do banho e minha trilha sonora começa com “Kings of Leon – King of The Rodeo”.
Pontualmente às 5:00 da manhã a van estaciona em frente ao Hotel, coloco minha mochila dentro e este é o começo da realização do meu sonho, aqui começa a expedição Monte Roraima propriamente dita.

O primeiro passo é ir de van até a fronteira, onde quem está com RG passa direto, quem não tem que apresentar o passaporte na Polícia Federal braZileira para dar saída e depois todos, com RG ou passaporte devem se apresentar a aduana venezuelana para darmos entrada no país de Hugo Chaves. Aliás, que vergonha nossa guarda de fronteira, os famosos federais com suas roupas pretas, óculos escuros e 9mm na cintura, todo mundo fazendo pose de fodão. Do lado venezuelano a coisa é séria, de 2 a 3 homens do exército com intimidadoras AK-47 nas bandoleiras, e até chegarmos à Santa Helena ainda passamos por 2 ou 3 postos de controle com guardas do exército fortemente armados. E o que dizer das estradas, do lado braZileiro difícil de andar de tantos buracos, do lado dos Hermanos um tapete que dava gosto. A Gasolina lá custa 7 centavos de real, todo mundo tem carrões potentes com motores de 6 cilindros.



Lá o primeiro pit stop foi no Hotel Gran Sabana para pegar os irmãos Luciano e Dionísio, que tinham ido até o Salto Angel. Após apresentações, fomos para a casa de apoio trocar a Van pelos 4 x 4 para chegarmos até a aldeia de Paraitepuy, de onde finalmente colocaríamos os pés na trilha, já era quase meio dia.

Dida, Edu Asta, Carmencita, Guilherme Asta, Luciano, Dionísio e Edu Pontes.
 
Falemos a verdade: na primeira hora e meia pensei seriamente em voltar pra casa, o pulmão ainda murcho, um calor terrível, muita umidade pra dificultar a respiração, e de cara uma bela de uma subida. Duas subidas depois o pulmão abriu o segundo estágio, a respiração passou a funcionar muito melhor e a minha velocidade habitual entrou em ação, agora sim eu estava fazendo um trekking legal. Seriam aproximadamente 13 km até o acampamento do Rio Ték.

Na metade do caminho meus pés começaram a doer e a dor foi aumentando gradativamente e subindo para a panturrilha direita, começara o sofrimento, mas nada me faria desistir e resisti bravamente até chegarmos ao Rio Ték, onde fomos brindados com um banho gelado que fez um bem danado para a musculatura. Também contribuiu para que a caminhada fosse boa o alto astral da galera. Acho que ao final deste primeiro dia formamos uma verdadeira família, todos se deram muito bem.

Nosso jantar neste primeiro dia foi de gala: Arroz com legumes, salada e peixe frito. E eu que pensei que comeríamos mal, aliás, comida foi um caso à parte, não houve um dia que faltasse comida pra quem quer que seja nem em quantidade, nem em qualidade.  Estávamos em ótimas mãos, pois nossos cozinheiros mandavam muito bem e nosso guia era muito experiente.

Já no primeiro dia a caminhada teve um pouco de tudo, dor, calor, risadas, fotos, e emoção também, pela falta da família. Mas todos entenderam o que eu vim fazer aqui. Amanhã o dia promete uma dura caminhada de aproximadamente 9 km até o campo base, de onde partiremos para o topo. A parede vai ficando cada vez maior a nossa frente, o espetáculo é simplesmente impressionante, cachoeiras despencam dos paredões tanto do Roraima quanto do vizinho Kukenán.  E temos também a visão de um monte impressionante ao fundo, chamado de Gualdacapiapó, o Umbigo da terra para os índios.

 
Agora são 20:56hs, o céu está lindamente estrelado, o dia de amanhã será duro, mas com a permissão de Macunaima, chegaremos todos bem, um dando força e ajudando ao outro.
Vou dormir agora pensando no meu Amor, espero que não sinta ciúmes, mas estou indo dormir com a solidão e com meu pensamento em você e quanto as suas fotos, tenho uma surpresa pra você.

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