Após mais um belo café da manhã,
tivemos aquele que ao final foi o terceiro dia mais cansativo pra mim. Foram
16km até a Gruta do Quati. Um sobe e
desce danado, sempre que chegamos num vale, temos que contorná-lo por um lado
em declive, subir pelo outro lado e quando estamos achando que acabou, chegamos
ao topo e: outro vale, enorme, longo e cansativo, mas com vistas sensacionais.
Aí percebemos que por mais que a gente veja cores, formas, plantas, acabamos
sempre nos surpreendendo com uma nova visão. Neste caso foi perceber que
atravessaríamos uma FLORESTA, em pleno topo do monte. Tudo bem, não sou biólogo
nem especialista em flora, mas convenhamos, um grande bloco de arenito repleto
de cavernas, sem terra, só alguns pontos com areia, como é possível que aja uma
floresta nesse lugar ?!? Mas há, florestas com árvores ruivas, bromélias,
plantas carnívoras, orquídeas e outras tantas que sequer sei os nomes.
No caminho fiz um Boulder de leve
pra descontrair, existem muitas pedras de todas as formas e tamanhos onde se
pode fazer ótimos exercícios de escalada livre sem cordas e sem correr altos
riscos.
No caminho paramos para almoçar e
descansar um pouco no El Fosso, para alguns simplesmente um buraco no meio da
trilha, mas de uma beleza, com seus pilares e seu lago geladíssimo, que
acessamos por uma pequena trilha em descida como uma caverna. Que lugar. As
fotos não representam o que nossos olhos não se cansam de ver. No El Fosso dei
muito valor a uma coisa que simplesmente não lembrei de trazer: minhas meias de
neoprene. Não sei ao certo o que tenho nos pés, mas sinto um frio tão absurdo
neles que não consigo me manter muito tempo em água muito gelada e por conta
disso fiquei alguns dias no topo sem conseguir tomar banho, exceto pelos lenços
umedecidos asépcia que me ajudaram a dormir menos fedorento.
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El Fosso |
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Sequência para chegar ao fundo do fosso |
Hoje também aconteceu algum
estranho: precisei ir no banheiro duas vezes no mesmo dia. Bom, meu intestino
sempre funcionou muito bem e aqui ele andava adormecido, indo só uma vez ao
dia, a suspeita recaiu sobre a diarreia, mas na manhã seguinte estava tudo
certo, foi um fato isolado, graças a Deus, pois não imagino alguém tendo crise
de diarreia ali, até porque enquanto estamos na parte baixa da montanha, nosso
banheiro é instalado numa barraca, mas no topo a barraca não é levada, só o
banquinho furado, que é colocado num ponto semi-escondido nos hotéis, isso nos
faz cagar com cada visual, que como bem disse o Luciano: “Nem o Bil Gates tem
uma vista dessa do banheiro dele”.
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Banheiro: visão privilegiada. |
Outro marco que passamos no dia
de hoje foi o Ponto Triplo, marca da tríplice fronteira, mas existe uma espécie
de briga política, pois alguém acha que é um dupla fronteira, tanto que no
marco estão gravados os nomes do braZil e da Venezuela e no lado onde deveria
constar Guiana, está em branco.
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Ponto Triplo |
Agora estou dentro da minha
barraca, são 19:10hs e vou dormir pra descansar, aproveitando a chuva gostosa
que está caindo lá fora, pois amanhã o dia promete mais uma longa caminhada até
outro marco do Monte e também do Livro “O Mundo Perdido”, de Sir Artur Conan
Doyle.
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