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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

7º Dia - Sexta, 19 de Outubro de 2012.



Só pra variar, acordei por volta das 5:15 da madruga. Mesmo sem termos conseguido ir até as Jacuzzis ou escalar o Maverick, mas confesso que estou plenamente satisfeito com tudo que presenciei aqui nesta expedição, satisfeito pelas pessoas que conheci, espero que essas novas amizades cresçam e que possamos nos reunir para novas aventuras no futuro e também pela nossa equipe técnica, nosso guia, cozinheiros e carregadores. Todos formamos uma família durante esses dias e isso não se apagará da minha memória. Não tem preço o trabalho que esses caras tem para que possamos completar a expedição, carregando por vezes quase 30kg de equipamentos e comidas, e sempre com um sorriso no rosto para nos atender.

Teodoro.

José "Tcheo"

Dida, Gulherme Asta e Tirso, "El Cocinero Roraimero"

Simon

Simon, Dionísio, Tcheo, Fred e Teodoro.
 Temos muita saudade de casa, mas ainda falta uma parte que começa hoje e termina amanhã, que é muito chata, afinal estamos indo embora, mas também merece muito mais atenção, como em qualquer viagem: A volta. Não podemos nos dar ao luxo de uma desatenção, temos que manter a mesma pegada dos dias de subida, pois uma simples torção na descida também pode causar problemas e geralmente na volta é que acontecem os acidentes.



Serão dois dias para chegarmos até Paraitepuy e de lá pra Boa Vista. Hotel, banho quente, perfume, sabonete, roupas limpas. É impressionante, mas até esse momento nenhum de nós tinha sentido falta da tecnologia, celulares, notebooks e afins.
Já combinamos que jantaremos todos juntos em Boa Vista como uma confraternização e pra nos despedirmos de nossos amigos de Minas Gerais que vão chegar em Boa Vista e embarcam no mesmo dia.Depois disso terei 3 dias na cidade pra comprar lembranças pra todo mundo, cachaça local, etc. 
Bom, mas agora é descida, mochila pronta, café da manhã tomado, vamos rumo a despedida dos três guardiões do Tepuy e ladeira abaixo para o campo base. Com muita neblina no começo, mal dava pra enxergar os parceiros à frente, e assim fomos até passar o Passo das Lágrimas. Depois o tempo abriu e no caminho passamos por outras expedições subindo, gringos, todos muito cansados, acho que eles pensaram que seria muito fácil. Coitados, vão sofrer bastante. Com bastante cuidado descemos, sempre los três amigos juntos: Eu e o irmãos Guilherme e Eduardo Asta.

Não faltam locais com água potável na trilha.

Passo das lágrimas: Não é assim tão hardcore.

Mas é alto pra caramba.




Primeira parte da missão cumprida, chegamos ao campo base, onde peguei de volta os 3 kg que deixei ali pois não ia precisar no topo. Levei coisas demais, e agora estaria de volta com 16kg. Após o almoço, um momento de apreensão: todos estavam no campo base, exceto Léo e Carmen. Ela veio o tempo todo acompanhando nosso guia. Após alguns minutos de espera, Eu e Eduardo Asta decidimos pegar a trilha de volta, talvez eles precisassem de ajuda pra descer, pois Léo sofria com as dores nas costas. Os encontramos tomando água logo na primeira bica, constatamos que tudo estava bem, voltamos ao acampamento e decidimos continuar a descida, já que o gás estava bom ainda. E lá fomos nós.

A chuva veio forte...

... E o Monte foi sumindo.
  
 Após mais ou menos 1 hora de caminhada, começou uma chuvinha leve. Olhamos para trás e o paredão estava sumindo na neblina, a chuvinha parou por uns 10 segundos e então o céu despencou sobre nossas cabeças. Depois de tantos dias de tempo bom, Macunaina nos brindou com uma chuva, desta forma, experimentaríamos todos os climas da região. A chuva nos acompanhou até o Rio Kukenán, onde tive que tirar a mochila, pegar meu kit banheiro e dar um jeito no mato mesmo. Me abaixei atrás de uma pedra e mandei bala, sem dó. Era isso ou minha caminhada ficaria complicada. Serviço feito, atravessamos o rio e seguimos até o Rio Ték, onde fomos recebidos pelos índios com uma deliciosa cerveja gelada. Brindamos e tomamos algumas, depois desci para tomar banho, mesmo com a água meio turva pela chuva. No retorno do rio, mais cerveja e o jantar, macarrão com molho branco e a deliciosa pimenta do índio Teodoro.

Depois de tanto andar, qualquer cerveja desceria redonda.
Amanhã estarei de volta a civilização. Aqui no Rio Ték tem expedições que estão indo para o topo. Coitados. Conhecemos um grupo formado por 2 amigas japonesas, uma delas radicada no braZil e falando um pouco de português e um casal formado por um carioca e uma garota de Brasília. Aqui cabe um parênteses na história.
Existem pessoas que são contra viajar com operadoras, pois muitas vezes as operadoras exploram a mão de obra local, etc., esse grupo veio com uma operadora de Santa Helena e, sinceramente, me senti imensamente feliz por ter conhecido Magno Souza, Carla Sevalhos e a equipe da Roraima Adventures, pois em momento algum faltou para o nosso grupo qualquer tipo de informação sobre o que precisaríamos ou não. Quem levou coisas com sobra, como eu, paciência, dei meu jeito e completei a expedição. Mas esse grupo, não sei por qual operadora estão indo para o topo, mas na boa, eles não tinham nenhum remédio de uso pessoal, nem mesmo a boa e velha aspirina, nada, nem analgésico, nem bandaid, nem antisséptico, literalmente nada, nem uma barra energética, nem em gel. Não faltou comida pra gente, pra nenhum de nós, mas ainda assim cada um levou uma barra, um repositor qualquer. O casal braZileiro tinha uma única bateria na câmera, vão ficar sem muitas fotos. A japonesinha radicada no nosso país também não tinha absolutamente nada, só comprou um remédio para diarreia, e pior: ela tirou as meias e já no primeiro dia de caminhada estava com duas mega bolhas bem na junção do dedão dos dois pés. E não tinha nada para dar um jeito. Resolvemos que como tinha sobrado muita coisa para todos, cedemos para esse pessoal parte de nossos remédios e auxiliamos a japonesinha com suas bolhas, espero que ela tenha conseguido sem sofrer muito, pois além de serem muito legais, ela também era Corinthiana. Mas existem ainda operadoras que vendem o pacote e te levam, mas que não te dão informações básicas sobre o que se pode precisar ou não.
Vale lembrar que nem todo mundo que se mete a fazer uma parada dessas tem experiência em trekking. Graças a Deus nosso grupo é bem experiente em vários tipos de trekking e terrenos, como Patagônia, Santiago de Compostela, Serra do mar paulista, Exército, Serra fina, Agulhas negras, Conceição do Ibitipoca, Chapada Diamantina, etc. Então formamos um grupo que se ajudava o tempo todo. E por isso acho que fizemos a escolha certa ao optar por ir com a Roraima Adventures, uma empresa séria que se compromete com as pessoas e cumpre o que promete. Magno Souza cia fazem um trabalho notável e literalmente tiram leite de pedra para fazer o turismo acontecer. Mas falemos disso mais tarde, ainda estou em Paraitepuy.



A Expedição Monte Roraima Outubro de 2012 foi um sucesso, voltamos todos inteiros até aqui, superamos, pelo menos eu superei vários limites, conheci boas pessoas, enfim, foi um sucesso. O que sobra é que independente de quem, se índios, operadoras ou o governo seja de que estado for, este lugar deve ser preservado com todas as forças que essas pessoas tem, pois este lugar é mágico demais, as futuras gerações tem que conhecer este lugar, pelo menos saber que ele existe e que é possível chegar lá, basta querer.
Que Macunaima ajude os nativos a preservar essa terra repleta de riquezas.

A última lua da expedição.

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